Lili de Menezes

Fui uma criança normal, uma adolescente normal,uma jovem senhora normal, levaria minha vida normalmente se não fosse um problema que me aconteceu há seis anos, mais ou menos quando estava começando a ficar idosa... A atrofia cerebelar, que veio acompanhada de uma ataxia, engasgo, falta de coordenação motora, e um calvário de idas em médicos que não sabiam o que eu tinha...

 Até que o Dr Henrique Milhomem fez o diagnóstico e me encaminhou para o Hospital das Clínicas de Belo Horizonte. Nesse meio tempo, o meu marido, que era lindo, atleta, faleceu com um câncer na cabeça, e minha mãe faleceu com falência múltipla.

E eu fiquei com uma doença rara, progressiva, debilitante e cruel. Não consegui me aposentar por invalidez na prefeitura de BH porque ninguém sabia o que eu tinha.  E o salário de professora aposentada veio proporcional. Hoje a doença é mais visível e tenho meios de comprovar, requerer a revisão da aposentadoria,  e principalmente os “atrasados”.

Mas estou aqui, sou feliz tenho 3 filhos e 4 netos maravilhosos.herdei de minha mãe o gosto pelo natal e pelo carnaval. E de meu pai o saber viver dos de Menezes. E dos dois a paixão pelo meu "galo" e a garra pela vida.hoje sou uma pessoa cadeirante que viajo, vou no carnaval, gosto muuuuuuuiiiiito de música,e organizo o natal, agora do meu clã. Não dou conta mais de montar a árvore de natal, mas tenho quem faça isso por mim. Tenho 8 irmãos dos quais me orgulho muito, meus hoje incontáveis sobrinhos,  minha cadeira que são minhas pernas, meus amigos e primos que são meus braços, meus tios que são meu afeto e meus filhos, genro, noras e netos que são meus xodós.